Capitulo III - Vale da Sabedoria
de Razthor. O orc ainda dormindo levava seu braço ao rosto tentando tapar o feixe de luz, mas seu
descanso já havia sido perturbado.
Razthor se levantou assustado sem saber onde estava. Não sabia o que havia acontecido na batalha
e quase nada se lembrava após ter sido encurralado pelos humanos.
O corpo estava completamente enfaixado com ataduras encardidas, a dor dos muculos e dos ossos ainda latejavam.
O jovem orc repousava em um tapete que parecia antigo feito de linho e com pinturas tribais estampadas nele. A cima de sua cabeça, um tambor de guerra enorme estava apoiado em blocos de madeira. Sacos de grãos espalhados pela cabana, tapeçarias ao chão e penduradas nas paredes. Ao olhar para um canto da parede o orc percebeu que havia um simbolo do Penhasco do Trovão.
- Uma cabana de tauren? O que eu estou fazendo aqui. - Razthor murmurou.
- Parece que o nosso jovem xamã acordou. - uma voz ressoou.
Com passos leves, uma orquisa adentrou a cabana limpando os pés no degrau de madeira de fora.
Razthor não entendia o que a orquisa falava, nem mesmo sabia se estava delirando ou ela realmente estava ali falando com ele.
- Olá senhora. Onde eu estou? - Razthor perguntou a orquisa.
- Me chama de senhora? É assim que trata quem cuidou de você por dias? - A orquisa franziu a testa.
- Oh, me desculpe. Eu estava em uma batalha agora pouco, e agora estou aqui, sentado em uma tapeçaria tauren, não sei bem o que está acontecendo.
- Agora pouco? A batalha no Monte Navalha terminou a dias! - A orquisa disse num tom bem humorado.
- Dias? - O jovem orc fez uma cara de desapontado e se deitou novamente no tapete - Já que eu estou aqui, nessa situação, quer dizer que nós perdemos.
- Não não, garoto. Mesmo que pequena aos olhos do mundo, a Horda venceu mais uma batalha.
- Serio?! Como? - Razthor se levantou rapidamente e surpreso - O que aconteceu, eu não me lembro de nada.
- Acalme-se, você ainda está machucado, não se levante tão depressa. Não queremos nenhuma ferida abrindo novamente.
- Certo.
- Por que não se levanta e vamos dar uma volta, eu irei te contar o que aconteceu. - A orquisa estendeu a mão ajudando Razthor a se levantar. - Bom, a proposito, meu nome é Kardris e não me chame de senhora novamente.
Os dois saíram da cabana, andando devagar. Ao colocar os pés para fora Razthor se deparou com uma paisagem chamativa. Algumas barracas de taurens, arvores e uma pequena cachoeira ao fundo. Virando para sua direita ele viu uma moldura feita de madeira com couro secando, aquilo era muito melhor do que as cordas que ele pendurava o couro para secar.
- Que lugar é esse? - Razthor perguntou.
- Nós estamos em Orgrimmar, garoto. Nunca esteve por aqui?
- Orgrimmmar? - Razthor perguntou com um ar surpreso olhando para as árvores.
- Sim, aqui é o Vale da Sabedoria, alguns taurens vivem aqui e muitos xamãs frequentam esse lugar
para descansarem e se sentirem mais conectados ao mundo. - Kardris respondeu.
Razthor frequentava constantemente Orgrimmar, mas suas idas até lá eram apenas para tratar de negócios no Bazar, por tanto não conhecia a cidade por inteiro.
Kardris contou a Razthor tudo que havia acontecido na batalha após sua queda enquanto caminhavam para o lago onde a cachoeira despencava.
- Elemental da terra? - Razthor ainda sem entender muito perguntou.
- Sim, aparentemente você possui dons garoto. Dons que serão muito bem vindos nas linhas de frente - Kardris começou a explicar - Nos chamamos pessoas com os mesmos dons que você de xamãs.
- Espere, eu sei o que são xamãs, mas é impossível eu fazer parte disso. - Razthor retrucou.
- Bom, tanto não é impossível que descobrimos que agora você é um xamã. Queria você ou não essa oportunidade foi dada a você. - Kardris riu - talvez você seja amado pelos elementos, ser ajudado de tal forma não é nada comum com seres inexperientes no xamanismo.
- "Xamã", "Amado pelos elementos", o que isso quer dizer? Que agora você vai me treinar para fazer de mim um xamã? - Razthor perguntou num tom sarcástico.
- Treinar? Um xamã de verdade não é treinado e muito menos feito. - A orquisa riu - Ser um xamã é descobrir quem você é interiormente, conhecer o mundo, comungar com os elementos e assim ser guiado pelo seu destino.
- Destino é? E qual é o meu destino? - O jovem orc perguntou.
- Ha, se saber a resposta dessa pergunta fosse tão simples tudo seria mais fácil.
Kardris desviou o olhar e mudou de assunto.
- Enquanto a Horda está expandindo seus territórios por Kalimdor, a Aliança está aproveitando para atacar as cidades menos protegidas da Horda. - Kardris olha para as barracas dos taurens. - Infelizmente esse taurens não tiveram a mesma sorte que você. O Acampamento Taurajo também foi atacado brutalmente por soldados da Guardanorte...
- ... E eles perderam a batalha. - Razthor concluiu o que Kardris estava dizendo.
- Sim, o Acampamento Taurajo hoje está em cinzas, quase todos que viviam lá foram mortos. - A orquisa lamenta. - A Horda está passando por maus bocados em varias regiões.
A orquisa se levantou e começou a andar de volta para a cabana.
- Imagino que essa tenha sido a primeira vez que você tenha sentido na pele o terror de uma batalha.
- Sim... - Razthor respondeu meio tímido.
- Cordilheira das Torres de Pedra costumava ser um local de harmonia com a natureza. Tribos taurens viviam ali. Mas a guerra chegou até lá - Kardris dizia ao jovem orc - O General Krom'gar está comandando as forças da Horda por lá, e eu não gosto nada daquele orc.
Razthor começou a andar mais devagar ainda pensando na conversa anterior.
- Já sei. Vou enviar uma carta de recomendação ao General para que você possa ir para lá. Talvez você entenda melhor sobre o que eu estou falando.
- O que? - Razthor se surpreendeu.
- Sim, vai ser bom para você, talvez esclarecedor. Isso vai te dar um tempo para rever sua visão e ver o que realmente significa servir a Horda.
O jovem orc acenou positivamente com a cabeça, aceitando a tarefa.
- Seu equipamento está dentro da cabana. Converse com o Mestre de Manticoras Doraso e ele te levará até a Cordilheira das Torres de Pedra. - Kardris continuou - Eu disse aquelas coisas, mas talvez isso pareça com um treinamento, não sei bem. - A orquisa riu.